Há semanas uma leitora escreveu-me a perguntar sobre a Grécia. Sabia que tínhamos viajado para lá com a Constança pequena e queria ter a certeza ser um destino de férias adequado a crianças. Apesar de já ter feito algumas [com e sem uma bebé], eu não me considero uma guru de viagens, atenção. Mas se querem saber a minha opinião, fico contente e dou-a com todo o gosto. Aliás, até vem a propósito: estamos neste momento a planear a primeira grande viagem a quatro. O local não está fechado, mas o mais provável é que seja para os lados das américas: Colômbia, Panamá ou outra vez México. A viagem será longa, mas não demasiado: o requisito é voos a partir do Porto com 1 escala e 12 horas no máximo de duração. E queremos que aconteça em maio; a Constança terá 2 anos e meio, a Camila terá 4 meses. Portanto, já que me puseram a sonhar com o assunto, vamos lá falar de viagens… com crianças e suporte.
Os pais é que sabem o que é melhor para os seus filhos, bem como o que é mais adequado ao seu estilo de estar em férias. Há quem prefira ir com tudo marcado e não ter que pensar mais nisso, há quem faça o contrário. Há quem tenha receio das viagens longas e do desgaste que isso necessariamente implica, há quem arrisque. Depois também depende dos bebés, da idade, se são calmos ou mais nervosos, se comem [ou se podem comer] de tudo, se dormem bem fora de casa ou o contrário, enfim, estes e muitos outros fatores totalmente pessoais que não me compete questionar. Apenas posso contar-vos como fazemos e partilhar a nossa experiência.
viajar sem nada [ou quase nada] marcado
Nós gostamos de viajar sem grandes amarras. Por norma, não reservamos hotéis nem fazemos um plano muito rígido: marcamos a primeira e a última noite, delineamos um roteiro, definimos um budget e o resto vamos deixando acontecer. Foi assim na viagem a dois ao México, a Cuba quando estava grávida, à Grécia com a Constança. No ano passado, fomos os três à Costa Rica e aconteceu um bocadinho diferente: marcámos dormida em San Jose e uma semana na praia [eu tinha encontrado este lugar na net e não quis perder a oportunidade]. O resto dos dias deixamos em aberto para decidir à medida que íamos andando. É assim que viajamos, mesmo depois de sermos pais, e posso dizer que nunca correu mal. Dá trabalho, é certo, às vezes toma demasiado tempo mas a sensação de liberdade, para nós, compensa.
O ideal, podendo, é ir por 3 semanas. Como habitualmente escolhemos destinos longínquos, faz-nos mais sentido do ponto de vista de custos e também porque o descanso é outro [a terceira semana faz MESMO diferença]. Então procuramos distribuir o tempo mais ou menos por igual para termos uma visão o mais abrangente possível do país em visita e usufruir um bocadinho de três coisas: cidade, natureza e praia. Começamos pela cidade e deixamos a praia para o fim. Este ano só vamos poder ir 2 semanas e uns dias e o ritmo vai ser necessariamente diferente. Primeiro porque são duas crianças, depois porque eu estou tão desejosa de descanso que não me imagino capaz de grandes deslocações. Eu quero é praia… praia!
logística [o bicho de sete cabeças]
Com crianças, a logística complica-se, é certo. É assim com toda a gente e connosco não é diferente. Mas será realmente tão mais exigente? Ou somos nós que nos agarramos a falsas seguranças e fazemos que assim seja? É assim tão importante levar a termos, o aquecedor de biberões, a espreguiçadeira, brinquedos e toda a parafernália que temos em casa? Não. Em férias, simplificar é a palavra de ordem. E sobre a comida, por exemplo, a grande preocupação de todos os pais, o meu pediatra diz: E então? Não há crianças no país em visita? O que é que elas comem? Então, é fazer igual! Música para os meus ouvidos. Vocês podem dizer ah mas estão habituadas e a minha não está… Pois, levar comida congelada para uma viagem de mochila não é certamente viável mas podem cozinhar ou recorrer à comida de boião. Digo eu.
de pequenino se torce o pepino
Quando falo sobre a próxima viagem ou sobre viajar com crianças no geral, a primeira reação é: e vais levá-la tão pequenina? Está a ser assim com a Camila, aconteceu o mesmo com a Constança há 2 anos atrás. A resposta é sim, por vários motivos. O primeiro tem a ver com o facto de estarmos há quase 1 ano separados logo precisamos deste tempo para estar os quatro, juntos, em família. Precisa o Bernardo, que não está com as filhas numa base diária há meses; precisam elas, de estar com o pai e com a mãe ao mesmo tempo, sem almoços de família nem despedidas ao domingo; precisamos nós, como casal. Depois, faz-nos sentido, eu explico aqui porquê. Finalmente, porque viajar com uma bebé pequenina não é assim tão difícil. Corrijo: não é difícil [pelo menos com a Constança não foi]. Não anda, dorme no carrinho, não tem grandes exigências. Já a partir do 1 ano de idade… a coisa muda radicalmente de figura. [to be continued]